O que caminha ao lado
27 de Agosto – 3 de Novembro, 2015


Sesc Vila Mariana
Rua Pelotas, 141
Vila Mariana - São Paulo - SP

Curadoria: Isabella Rjeille

Com os artistas: Ana Luiza Dias Batista Daniel Jablonski, Daniel Steegmann Mangrané, Denise Alves-Rodrigues, Deyson Gilbert, Fabio Morais, Flora Leite, João Loureiro, Luísa Nóbrega, Maura Grimldi, Pedro França, Pilvi Takala, Sergio Bonilha & Luciana Ohira, Taygoara Schiavinoto, Vivian Caccuri

O título da exposição parte de um antigo mito alemão, na qual Doppel (Duplo) e Gänger (Andarilho) se unem em um só termo para nomear um estranho fenômeno que consiste no encontro com um “duplo” de nós mesmos. Dotado da mesma aparência de seu original, este “gêmeo às avessas” é capaz de realizar tudo o que ele não faria, tornando-se assim um sinal de maus-agouros para quem o vê. O encontro do sujeito com ele mesmo enquanto outro faz com que os os limites que estabeleciam uma idéia de alteridade se tornem então, difusos. A ambiguidade causada por esta aparição, permite ao sujeito duplicado, um olhar para ele mesmo desde a perspectiva de seu ref lexo – agora, não mais no espelho. A cópia olha para seu modelo e pode identificar nele o que a constituiu.

As obras presentes nesta exposição partem de situações nas quais os limites que distinguem eu e outro, realidade e ilusão, estranho e familiar, encontram-se difusos. No momento em que realizam este salto, revelam seu avesso: onde as costuras, estruturas e remendos que constituem esta distinção podem ser descosturados, desfazer-se e/ou reconstruírem-se de/em outra forma. Figuras como fantasmas, sósias, espíritos, objetos animados de forma sobrenatural constroem este imaginário de estranhamento, apontando para um momento em que o que se mostra estranho ainda guarda algo familiar. Assim, o conceito de aparição está no centro desta exposição e demarca o ponto de virada em que as categorias pelas quais separamos o mundo se desfazem, porém, sendo ainda possível vislumbrar sua antiga forma. A idéia de duplo aparece enquanto elemento e estratégia de estranhamento que atravessa as obras e é amplificado por elas, reverberando por outros universos e discussões, a fim de propor um avesso de suas narrativas usuais. A aparição deste duplo é sugerida aqui enquanto potência propulsora destes imaginários, capaz de trazer à tona, expandir e reverter a realidade tal qual familiar e transformá-la em estranha1, olhando a partir de outra perspectiva, do reverso do espelho.

Isabella Rjeille, curadora